domingo, 9 de janeiro de 2011

Amor é Alzheimer

Com chuva na cara e o cigarro queimando entre meus dedos, acordei de um sonho em que teu corpo se entrelaçava no meu e me queria tanto quanto te quis entrelaçando meu corpo. Dois corpos suados e amarrados e se mordendo e se amando e desperdiçando cada segundo como se fosse o último de vida. O suor virou chuva e o sonho se foi como a cinza do cigarro com o vento.

Volte a dormir pequena criança. Foi só um sonho mal sonhada, uma noite mal dormida. Enche mais um copo de whisky e vire como se fosse calmante. A manhã já vem e amanhã... amanhã, quem sabe?

Argumentos verídicos são questionáveis e palavras são dispensáveis. Restam olhares ao nada, tão vil como a existência e a insistência. Almas feitas sob medida para afastarem uma da outra. Enquanto procuro palavras certas, você se vai, vira as costas e ri e seixa teu perfume espalhado na sala. Transformo meu desespero em poesia podre que ninguém lê, ninguém nota, ninguém gosta, nem você.

Gastei todas as fichas que você me deu em jogos errados e não ganhei nada. Minha estante está lotada de troféus de perdedores, minhas conquistas são apenas derrotas e decepções. Eu sou uma decepção. Agora só resta o esquecimento. Espero que um dia a tempestade vá embora e as nuvens se abram. Todos esses raios e trovões me assustam. Só me resta mais um copo de whisky. Só me resta deitar, só me resta dormir, só me resta esquecer.

Como diria Xico Sá, amor é Alzheimer. Vamos beber, rir, perdoar, dormir, esquecer. É só Alzheimer...

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