quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Carta de redenção.

Se eu abrisse meu peito, como quem arrancasse um câncer de seu próprio coração, e te dissesse todos os meus receios e te contasse todos os meus anseios, um a um, subitamente deixando-te deleitar de cada vergonha que sentisse com um sorriso que ofuscasse cada medo ingênuo do que as pessoas em volta pensariam e olhasse no fundo dos meus olhos, tão fundo que, assim, enxergaria minh’alma e me fizesse sentir o quão seguro estou quando segura minha mão e me diz “tudo bem, estou aqui”, aí sim teria a certeza que a minha temporada no inferno e todo o meu tempo de espera valeu à pena. Diria-te da tempestade que peguei e me deixou de cama na primavera passada e também contaria os mais terríveis pesadelos que tive, anunciaria só para você os meus maiores medos, minhas mais doloridas paixões e do meu amargo e leve ciúmes. Riria alto contigo, ajeitaria teu cabelo e te sussurraria o que nunca admito como não quero estar só com meus demônios, porque assim como os seus, eles rondam minha noite e estragam meu sono e você sorriria um sorriso de canto de boca, pensando que o mundo nos considera loucos ou brincalhões, até nas horas sombrias. Ainda sussurraria como adoro a cor cinza e confessaria que amo tua blusa cinza a qual nunca te vi usando te convenceria que essa mesma cor já dita cai muito bem em ti e, assim, me chamaria de bobo. E, juro, só faria isso pra sentir teu cheiro grudando em mim e dizendo que ali ficaria por um bom tempo com um abraço teu, um abraço que só você consegue dar e assim seguraria firmemente tua mão, olhando no fundo de teus olhos castanhos, enxergando claramente sua alma e faria um peso enorme desaparecer de minhas costas e de meu peito e te diria com toda a certeza que nunca tive antes: Aqui é exatamente onde eu quero estar.

Um comentário:

  1. "[...]e você sorriria um sorriso de canto de boca, pensando que o mundo nos considera loucos ou brincalhões, até nas horas sombrias."

    Até nas horas sombrias!

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