trago no peito uma saudade doida
uma dor reprimida que sai e me mata,
toda vez que sou arrancado a força
do unico lugar em que eu sempre quis estar.
Meus amigos tentam com esforço
esboçar um sorriso nesse rosto totalmente em vão...
É quando me abraço a Mary e a gelada
e finalmente dormimos no chão.
dormimos e acordamos sozinhos
mas acompanhados pela ressaca e a amnesia
que dão o tom da conversa
que eu e a lembrança teremos agora,
pois ela acaba de chegar
é quando ela tira o casaco e transformada em saudade entra sem perguntar.
perguntar se eu estou preparado pra juntar os pedaços e me levantar.
Eu digo que não...
totalmente em vão...
a ressaca corroendo cabeça e estomago
não destarem a dor que eu tenho que sentir
ao acordar e nao ter ao meu lado
tudo aquilo que um dia eu fiz partir
e a saudade sem dó nem piedade
sapateia com cravas sobre meu cerebro ja exausto
busco uma alternativa
mas nada faz com que ela me deixe em paz,
o jeito é pedir ajuda
procurar o abrigo que tanto bem me faz.
Corro feito louco
com aquele sufoco de chegar até la
a vicinal que parece infinita e nem todos os buracos na pista me fazem parar
me sinto aquela criança inexperiente e medrosa que fui um dia,
é quando ela abre a porta e sem eu nem perceber começa minha agonia
agonia de saber que em algumas horas terei de ir embora e de novo encontrar
com a gelada e a Mary Jane e outro sono profundo tentaremos embalar,
mais uma vez...
totalmente em vão...
tenho todas minhas estruturas abaladas sem firmeza continuo a caminhar
é incrivel como ainda nao me entreguei pro destino que insiste em tentar me carregar
pra uma vida que por mais que me pertença
nao quero minha presença se nao for com o meu par
e reluto até o final
pois nenhum final conseguiu abalar
o amor que sinto por ela e a vontade de SOMENTE com ela querer estar.
Cito um certo astuto que nunca soltou uma palavra em vão
... nao me entrego sem lutar, tenho ainda coração, não aprendi a me render, que caia o inimigo então...
mesmo que meu inimigo seja um destino
nunca acreditei nele e nao é agora que vou começar
a menos que ele condiz com o que eu quero
foda-se todo resto!
e no alto do meu egoismo é só que peço
foda-se todo o resto!
Não quero dó nem piedade
nem mesmo que saudade pare seu sapatear
pois ela sempre sapateou em todo momento que com ela eu nao estava
mas a certeza da chegada me confortava e nao me deixava enlouquecer,
como enlouqueço agora todos os dias que ela entra em minha cabeça sem bater.
Nunca impedi sua entrada pois sei que saudade é o que se sente quando se ama demais
mas por favor, tire os sapatos pois essas cravas eu nao suporto mais.
LOUCURAS TÃO SÓBRIAS
Verdades, mentiras e garrafas de vodka.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
terça-feira, 28 de maio de 2013
A dança
O sol revelava o rosto de todos
enquanto a música embalava os corpos e a cerveja se exibia de mãos dadas com a
maioria dos que ali estavam. E, no meio de tantos sorrisos e olhares e danças,
ela se destacara. Pequena da fala mansa, do sorriso escancarado – livre de
qualquer vestígio de falsidade – dos olhos escondidos por lentes escuras
deixando à mercê a imaginação de quem a visse e pensasse em qual direção tais
olhares estariam apontando e no porque era tão difícil desvendar o motivo de
tal sorriso.
Nossos olhares se cruzaram e
nossos sorrisos nos cumprimentaram, trazendo nossos passos no mesmo caminho e
colocando nossos corpos no mesmo ritmo. Suas coxas se encaixaram nas minhas,
uma de suas mãos foram para minhas costas enquanto a outra jogava seu cabelo
castanho da frente pra trás segurando um pouco em cima. Olhei para o rosto da
pequena e vi por cima da lente escura a direção que teus olhos estavam: na
direção dos meus. O vermelho cobriu minhas sardas, as delas ficaram intactas,
inabaláveis. Escondi meu meio sorriso num gole de loira enquanto a morena me
embalava. Tateei as curvas suaves da pequena. A luz do sol me dava uma imagem
perfeita dela girando com os cabelos e o sorriso solto antes dela voltar aos meus
braços.
–Não pensei que sabia
dançar. – ela soltou aos sussurros no meu ouvido.
–Não pensei que um dia
eu dançaria contigo, pequena – sussurrei de volta.
O som
da risada dela eliminou qualquer fio de medo que me prendia. O som da risada
dela abafou os berros das pessoas ao redor, calou os assovios de meus
fantasmas, silenciou vendedores ambulantes, diminuiu o volume da música. O som
da risada dela nos uniu ainda mais na nossa dança de liberdade. Respirações,
pulsos e passos no mesmo compasso, na mesma sintonia. Já não podia conter meu
sorriso. Uma certa paz me consumia de dentro pra fora, sem pudores, sem
conceitos, sem vergonha. E essa certa paz só aumentava enquanto nossos corpos
se entrelaçavam no mesmo passo que ela mordia o canto de seu lábio inferior, enquanto
sorria e passava a mão no seu cabelo, segurando em mim mais forte. Onde foram
parar todas as pessoas ao nosso redor?
Nosso
perfume se misturara com a fumaça, suor e cerveja dali. Mas eu não me
incomodara mais. Conseguia ainda sentir um pouco do perfume da pequena morena
de fala mansa que me chamara pra dança. O sol se desfez no horizonte e me
permitiu que olhasse nos olhos da pequena sem barreiras de lentes. Nossos
olhares se cruzavam e congelava por instantes e ela voltava a fazer as caras e
bocas que só uma mulher consegue fazer quando dança. É mágica mista com encanto.
Não sei muito bem quando eu perdia o ar: se era quando as mechas dos cabelos
caíam sobre suas sardas ou se quando ela tirava as mechas do rosto, sempre
sorrindo. Mas esse é um dos mistérios que eu prefiro deixar assim. Subentendido.
E assim, seguimos nossa dança até que a banda se cansasse de tocar, mas não nos
impediu de darmos alguns passos a mais. Deixamos-nos levar pela força que
nossos corpos tinham de querer continuar em sincronia, ganhando uma liberdade
de qualquer elemento que pararia qualquer outro casal. Ela, cuidadosamente,
tirou fios de cabelos dela de minha barba e riu ao ver que metade de minha
barba era ruiva. Essa pequena me encantou de uma forma forte e simples e viva.
Nunca acreditei que aconteceria algo assim comigo.
Nenhuma palavra que eu
escolha conseguirá descrever tanta beleza e encanto, nada que eu escrever será
mais belo que ela.
Só não
confunda isso com amor. Isso foi uma chama de amor platônico de outono que
aquece qualquer coração no frio. Não nego que meu sangue latino pulsou mais
denso. Ela foi a felicidade que me faltava. Meu ultimo tango em noite de lua
cheia. A calma que atordoa. O embriagar de um final de tarde de domingo. Mas
não é isso que a gente confunde?
Assim
que nossos corpos pararam, dei o último trago do cigarro e ela matou a sua sede
completamente com o último gole de cerveja que lhe restara. Soltamos o ar como
quem tivesse acabado de transar. Suspiro de satisfação, de orgulho. Trocamos
olhares por mais tempo que o que tínhamos feito antes. Sorri enquanto observava
ela jogar seu cabelo de um só lado e não percebi o momento em que jogou sua mão
pequena e firme em minha nuca, me puxando ao seu encontro. Nossos rostos se
encararam colados. Esfreguei meu nariz no nariz da pequena. Ela fechou seus olhos com calma, sorriu com
felicidade e mordeu meu lábio com vontade. Me beijou de canto de boca e me
sussurrou algo enquanto me largava e desaparecia no meio da multidão à luz da
lua cheia de um domingo de outono.
–Não se esqueça de
mim! Ela pediu antes de me deixar.
Ah, pequena! Como eu poderia?
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Mar.
Não adianta discutir: quem nasceu
com charme, sabe muito bem como usar. A maioria das pessoas inventa. Cruzar
olhares estreitos quando menos se espera, retina a retina, com tal intensidade
que o vento que sopra desse choque, passa pelas velas do navio de um velho
marujo encostado numa ilha há tempos convencido de que sua busca já terminara
chegando ao ouvindo e sussurrando:
– O mar lhe chama de volta.
Novos tempos ameaçam chegar. Quebrando algumas regras que sempre estiveram cravadas. Outro novo ouro, outra nova ilha. Sempre duvidei, mas sei que até os grandes se ajoelham uma vez na vida.
– O mar lhe chama de volta.
Novos tempos ameaçam chegar. Quebrando algumas regras que sempre estiveram cravadas. Outro novo ouro, outra nova ilha. Sempre duvidei, mas sei que até os grandes se ajoelham uma vez na vida.
Por todos os erros que ganhei ao
experimentar, sei que esse novo gosto de vitória é um sabor que eu ainda não
ganhei – tampouco achei que merecesse. Apavora-me, às vezes, pensar em todos os
gostos de seu corpo. Fauna e flora à flor da pele. De dou um riso já derrotado
e você me massacra com outro limpo de qualquer insegurança e sujo de mistérios.
Homem tremendo feito garoto por uma voz em paz. Mas posso sim dizer com orgulho
que tirar um pouco dessa sua “pureza” seria um tanto quando vital para mim.
Tendo para os vícios! Gritaria
em músicas embriagadas qualquer um dos melhores românticos boêmios canalhas.
Mas qualquer novidade boa deixa todos pessimistas com um pé atrás quase de
reflexo. Não ligo de ter que esvaziar outra garrafa procurando algum prêmio no
fundo. Tudo aponta para que – dessa vez – esse tão cobiçado sossego esteja
aguardado bem antes do fundo.
Um sorriso ameaça abrir na boca do velho marujo que começa a
pensar de enfrentar qualquer tempestade.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
2012
Se tem algo que eu saiba sobre você e que você não saiba, é que eu sei que você me acha inútil. Não é pra menos, não passo outra imagem alem dessa. Sou um tanto quanto desprezível e de certo modo não faço esforço algum pra que isso mude. E não, não acho que as pessoas mudem, coisas mudem as pessoas, lugares mudem as pessoas, atos mudem as pessoas ou até mesmo que as pessoas mudem as pessoas. Isso pra mim não funciona. As pessoas simplesmente se vestem com algo que elas possam lidar até o final, mas acontece alguma coisa e uma peça dessa vestimenta cai, você encontra um lugar e outra peça cai, você tem uma atitude e é automaticamente obrigado a tirar outra peça – mesmo que pequena e que você não nota, assim, de cara, mas que com o passar o tempo você sente falta de algo – aí você conhece alguma pessoa que te faça bem e tal, você logo se vê nu diante daquela pessoa após se entregar realmente. Enfim, chega a sua essência. A verdade nua e crua e cruel.
“Você não era assim quando a gente se conheceu”
Provavelmente a pessoa vai reclamar você não vai entender porque ao mesmo tempo você a vê e compara o antes e o depois. Raramente vocês vão entrar no acordo que todos mudam, não somente uma pessoa. Todos chegam ao seu casco, cedo ou tarde.
Eu sei, errei muito. Todos sabem o quanto. Me perguntaram certa vez como eu conseguia ficar de pé após todos esses anos. Não soube a resposta de cara, não dei o valor de pensar nisso há tempo. Mas, hoje em dia, penso que à cada erro que nós aceitamos e aprendemos, nos constrói. Pro bem ou pro mal, seja lá qual for sua melhor decisão sobre qual é qual. Pra mim, já não sei diferenciar muito. Meus erros, meus arrependimentos, meus sentimentos já fizeram esse barco entrar em todas as tempestades possíveis, sempre sozinho ao mar. Mas na hora da tormenta, não há nada a se fazer a não ser se segurar, esperar passar e depois contar o prejuízo e declarar falência múltipla dos órgãos. Aí você percebe que tua âncora já furou teu barco, que o mar já levou tudo o que você tinha e que seu barco era só um pedaço dos destroços da ultima tempestade e que você se encontra numa ilha deserta, sem rum. Não há marujo que sobreviva em sã consciência.
Mas esse papo louco que não tem nada com nada, não conta. Você não liga, eu não ligo, ninguém dá a mínima, ninguém lerá essa carta, ninguém nunca encontrará a garrafa com essa mensagem no meio desse oceano imenso, azul e frio. E no final de tudo, você encontra seu rum, uma carona pra outra ilha deserta, outra garrafa com outra mensagem de outra pessoa se moendo por outras coisas e que você sabe que nunca vai poder ajudar alguém que não quer sair da sua própria ilha, que joga uma garrafa ao mar e espera os ventos, deuses, tempestades, ondas guiarem essa mensagem pra alguém que se importe. Mas você sabe o que acontece, sabe quem se importa. Não é preciso se jogar dentro de uma garrafa no meio do nada pra que essa pessoa saiba. Isso é estupidez. Até um tanto quanto desprezível. Mas mesmo assim você sabe que a esperança é a ultima que morre, mesmo sabendo que grito em terra de surdo não é nada. Mas a esperança morre, sempre morre.
“Você não era assim quando a gente se conheceu”
Provavelmente a pessoa vai reclamar você não vai entender porque ao mesmo tempo você a vê e compara o antes e o depois. Raramente vocês vão entrar no acordo que todos mudam, não somente uma pessoa. Todos chegam ao seu casco, cedo ou tarde.
Eu sei, errei muito. Todos sabem o quanto. Me perguntaram certa vez como eu conseguia ficar de pé após todos esses anos. Não soube a resposta de cara, não dei o valor de pensar nisso há tempo. Mas, hoje em dia, penso que à cada erro que nós aceitamos e aprendemos, nos constrói. Pro bem ou pro mal, seja lá qual for sua melhor decisão sobre qual é qual. Pra mim, já não sei diferenciar muito. Meus erros, meus arrependimentos, meus sentimentos já fizeram esse barco entrar em todas as tempestades possíveis, sempre sozinho ao mar. Mas na hora da tormenta, não há nada a se fazer a não ser se segurar, esperar passar e depois contar o prejuízo e declarar falência múltipla dos órgãos. Aí você percebe que tua âncora já furou teu barco, que o mar já levou tudo o que você tinha e que seu barco era só um pedaço dos destroços da ultima tempestade e que você se encontra numa ilha deserta, sem rum. Não há marujo que sobreviva em sã consciência.
Mas esse papo louco que não tem nada com nada, não conta. Você não liga, eu não ligo, ninguém dá a mínima, ninguém lerá essa carta, ninguém nunca encontrará a garrafa com essa mensagem no meio desse oceano imenso, azul e frio. E no final de tudo, você encontra seu rum, uma carona pra outra ilha deserta, outra garrafa com outra mensagem de outra pessoa se moendo por outras coisas e que você sabe que nunca vai poder ajudar alguém que não quer sair da sua própria ilha, que joga uma garrafa ao mar e espera os ventos, deuses, tempestades, ondas guiarem essa mensagem pra alguém que se importe. Mas você sabe o que acontece, sabe quem se importa. Não é preciso se jogar dentro de uma garrafa no meio do nada pra que essa pessoa saiba. Isso é estupidez. Até um tanto quanto desprezível. Mas mesmo assim você sabe que a esperança é a ultima que morre, mesmo sabendo que grito em terra de surdo não é nada. Mas a esperança morre, sempre morre.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
O ano passou e passamos distantes, perdi seu telefone, não tenho o seu endereço, me perdi de você.
Mas um cartão no jornal é como mensagem em garrafa, como o socorro de um náufrago, ainda posso te encontrar...
Antes que tudo se acabe, espero que você me salve, a tempo de estourar os fogos, implodindo tudo o que ficou para trás.
Quem sabe aonde chegará meu recado, de onde lerão seus olhos castanhos, num café, já na praia, na internet, ou embrulhando peixe no mercado.
Mas um cartão no jornal é como mensagem em garrafa, como o socorro de um náufrago, ainda posso te encontrar...
Antes que tudo se acabe, espero que você me salve, a tempo de estourar os fogos, implodindo tudo o que ficou para trás.
Quem sabe aonde chegará meu recado, de onde lerão seus olhos castanhos, num café, já na praia, na internet, ou embrulhando peixe no mercado.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
.
Ah, pouco importa que tu andes, de novo amor, nova paixão, toda contente. O que vale é pensar que você pensa em mim, o resto é ontem e as perdições do mundo.
Civilizadíssimos, entendemos quando não tem mais volta, até já estamos com outros enxerimentos e paixonites de veraneio, mas, na buena, o que vale é a canção, o mantra, a ilusão derretida, o fio de manteiga que escorre ainda do nosso último tango em Paris ou forró no Agreste – neste caso com manteiga de garrafa, tão mais derretidinha de ao ponto de desmanchar sobre a tapioca moral da existência.
Onde você estiver, não se esqueça de mim.
Como vivemos desse fiapo de nada!!! Machos e fêmeas. Seria o orgulho de não ser apagado da memória cada vez mais fraca do outro?
Amor é Alzheimer.
Por isso que muitas vezes, não há telefonema no dia seguinte. Nunca é por maldade. Todo esquecimento tem álibi e diagnóstico.
Por um momento, pensar que você pensa em mim. Basta isso, mesmo com o teu silêncio, como nunca tivesse me visto, nem boas festas e feliz ano novo, pôxa, que gelo baiano, mineiro, siberiano, londrino.
De que adiantou eu ter quebrado tudo e ser um monstro? Um animal precisa ser reconhecido como tal. O resto é psiquiatria e química a serviço da vida.
Não te peço nada, sequer o protocolo das datas, feliz aniversário etc, quero apenas que, vagamente, por um momento você pense em mim e resmungue, baixinho: filho da puta, canalha, que lindo que deu tudo certo e depois tudo errado.
Civilizadíssimos, entendemos quando não tem mais volta, até já estamos com outros enxerimentos e paixonites de veraneio, mas, na buena, o que vale é a canção, o mantra, a ilusão derretida, o fio de manteiga que escorre ainda do nosso último tango em Paris ou forró no Agreste – neste caso com manteiga de garrafa, tão mais derretidinha de ao ponto de desmanchar sobre a tapioca moral da existência.
Onde você estiver, não se esqueça de mim.
Como vivemos desse fiapo de nada!!! Machos e fêmeas. Seria o orgulho de não ser apagado da memória cada vez mais fraca do outro?
Amor é Alzheimer.
Por isso que muitas vezes, não há telefonema no dia seguinte. Nunca é por maldade. Todo esquecimento tem álibi e diagnóstico.
Por um momento, pensar que você pensa em mim. Basta isso, mesmo com o teu silêncio, como nunca tivesse me visto, nem boas festas e feliz ano novo, pôxa, que gelo baiano, mineiro, siberiano, londrino.
De que adiantou eu ter quebrado tudo e ser um monstro? Um animal precisa ser reconhecido como tal. O resto é psiquiatria e química a serviço da vida.
Não te peço nada, sequer o protocolo das datas, feliz aniversário etc, quero apenas que, vagamente, por um momento você pense em mim e resmungue, baixinho: filho da puta, canalha, que lindo que deu tudo certo e depois tudo errado.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
;
Tenho uma confissão a fazer, não gosta de você a principio. Era uma tagarela irritante, mas cheirava bem. A maior parte do tempo. Mas parecia não ter grande interesse em mim. O que eu, claro, achei vagamente insultante. Era só você e sua mãe contra o mundo.
Engraçado como algumas coisas nunca mudam.
Portanto, atravessei o risco, agindo como um idiota sem realmente perceber o que ser pai muda em nós. E não lembro exatamente o momento onde tudo mudou, apenas sei que mudou. Num minuto era impenetrável – nada poderia me tocar – no próximo, de alguma forma, meu coração batia fora do meu peito. Exposto a todos os elementos. Amar você tem sido a experiência mais profunda, intensa, dolorosa da minha vida. De fato, tem sido quase demais para suportar. Como seu pai, fiz um voto silencioso de te proteger do mundo sem perceber que iria ser eu quem te magoaria mais. Quando eu rebobino para frente, meu coração despedaça-se. Mais porque não te imagino a falar de mim com orgulho.
Como poderia?
Teu pai é uma criança no corpo de um homem; ele preocupa-se com nada e com tudo ao mesmo tempo. Ninguém acha que ele pode agir. Alguma coisa tem que mudar. Alguma coisa tem que ceder. Está ficando escuro, escuro de mais para se ver...
Engraçado como algumas coisas nunca mudam.
Portanto, atravessei o risco, agindo como um idiota sem realmente perceber o que ser pai muda em nós. E não lembro exatamente o momento onde tudo mudou, apenas sei que mudou. Num minuto era impenetrável – nada poderia me tocar – no próximo, de alguma forma, meu coração batia fora do meu peito. Exposto a todos os elementos. Amar você tem sido a experiência mais profunda, intensa, dolorosa da minha vida. De fato, tem sido quase demais para suportar. Como seu pai, fiz um voto silencioso de te proteger do mundo sem perceber que iria ser eu quem te magoaria mais. Quando eu rebobino para frente, meu coração despedaça-se. Mais porque não te imagino a falar de mim com orgulho.
Como poderia?
Teu pai é uma criança no corpo de um homem; ele preocupa-se com nada e com tudo ao mesmo tempo. Ninguém acha que ele pode agir. Alguma coisa tem que mudar. Alguma coisa tem que ceder. Está ficando escuro, escuro de mais para se ver...
Assinar:
Postagens (Atom)