quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

2012

Se tem algo que eu saiba sobre você e que você não saiba, é que eu sei que você me acha inútil. Não é pra menos, não passo outra imagem alem dessa. Sou um tanto quanto desprezível e de certo modo não faço esforço algum pra que isso mude. E não, não acho que as pessoas mudem, coisas mudem as pessoas, lugares mudem as pessoas, atos mudem as pessoas ou até mesmo que as pessoas mudem as pessoas. Isso pra mim não funciona. As pessoas simplesmente se vestem com algo que elas possam lidar até o final, mas acontece alguma coisa e uma peça dessa vestimenta cai, você encontra um lugar e outra peça cai, você tem uma atitude e é automaticamente obrigado a tirar outra peça – mesmo que pequena e que você não nota, assim, de cara, mas que com o passar o tempo você sente falta de algo – aí você conhece alguma pessoa que te faça bem e tal, você logo se vê nu diante daquela pessoa após se entregar realmente. Enfim, chega a sua essência. A verdade nua e crua e cruel.


“Você não era assim quando a gente se conheceu”

Provavelmente a pessoa vai reclamar você não vai entender porque ao mesmo tempo você a vê e compara o antes e o depois. Raramente vocês vão entrar no acordo que todos mudam, não somente uma pessoa. Todos chegam ao seu casco, cedo ou tarde.

Eu sei, errei muito. Todos sabem o quanto. Me perguntaram certa vez como eu conseguia ficar de pé após todos esses anos. Não soube a resposta de cara, não dei o valor de pensar nisso há tempo. Mas, hoje em dia, penso que à cada erro que nós aceitamos e aprendemos, nos constrói. Pro bem ou pro mal, seja lá qual for sua melhor decisão sobre qual é qual. Pra mim, já não sei diferenciar muito. Meus erros, meus arrependimentos, meus sentimentos já fizeram esse barco entrar em todas as tempestades possíveis, sempre sozinho ao mar. Mas na hora da tormenta, não há nada a se fazer a não ser se segurar, esperar passar e depois contar o prejuízo e declarar falência múltipla dos órgãos. Aí você percebe que tua âncora já furou teu barco, que o mar já levou tudo o que você tinha e que seu barco era só um pedaço dos destroços da ultima tempestade e que você se encontra numa ilha deserta, sem rum. Não há marujo que sobreviva em sã consciência.

Mas esse papo louco que não tem nada com nada, não conta. Você não liga, eu não ligo, ninguém dá a mínima, ninguém lerá essa carta, ninguém nunca encontrará a garrafa com essa mensagem no meio desse oceano imenso, azul e frio. E no final de tudo, você encontra seu rum, uma carona pra outra ilha deserta, outra garrafa com outra mensagem de outra pessoa se moendo por outras coisas e que você sabe que nunca vai poder ajudar alguém que não quer sair da sua própria ilha, que joga uma garrafa ao mar e espera os ventos, deuses, tempestades, ondas guiarem essa mensagem pra alguém que se importe. Mas você sabe o que acontece, sabe quem se importa. Não é preciso se jogar dentro de uma garrafa no meio do nada pra que essa pessoa saiba. Isso é estupidez. Até um tanto quanto desprezível. Mas mesmo assim você sabe que a esperança é a ultima que morre, mesmo sabendo que grito em terra de surdo não é nada. Mas a esperança morre, sempre morre.